A procura de um ser só.
Texto Dramático para a cadeira de encenação teatral.
Por: Anderson
Ferreira
Personagens:
A figura de branco; Alegoria representativa do principio
ativo no ser humano.
A figura de preto; Alegoria representativa do principio
passivo no ser humano.
Cena I:
Um telão em cena o resto do cenário esta todo escuro.
O telão ascende e
aparece um grande olho egípcio. Vários incensos são acesos pelo local da
apresentação.
Um som estridente começa baixo até ficar bem alto e
depois para.
Visões irrompem na tela.
Explosões, imensas, galácticas, nucleares, microscópicas,
de temperamento, de agua, de prazer.
Barulho de agua corrente.
Luz muita luz por
todo cenário, vê se um cenário branco com caracteres hebraicos desenhados nas
paredes em cor de fogo. Há sete espelhos grandes posicionados pelo cenário
formando um circulo, no centro do circulo pode se ver um altar, três degraus
que conduzem a uma pequena plataforma elevada alguns centímetros do chão, aos
lados pequenos arbustos e plantas, no centro sobre um pano cor de prata dobrada
ao chão repousa um globo de cristal. Dele emana uma forte luz amarela.
A luz começa a
diminuir até que uma pessoa vestida de preto pode ser vista quase como um
borrão
Ela esta na frente do altar e se aproxima em direção ao
globo
Ela cobre o globo com suas mãos e no escuro de suas
vestes a luz do globo se esvai.
Escuta se uma voz
gritando ao fundo: espere eu preciso de você... De repente a luz se apaga,
Cena II:
Cena II:
Algumas luzes negras que formam caracteres hebraicos se
ascendem pelo cenário pode se ver uma figura de preto em cena. No altar no
centro do palco o globo de cristal não emite luz alguma.
Os olhos da figura
de preto são brancos e deles irradiam uma luz branca e cândida, sua
roupa é negra com caráteres hebraicos em azul escuro. Com um pedaço de giz
branco a figura traça um pentagrama ao redor do altar, ficando localizado este
bem no centro da estrela. Enquanto traça o pentagrama a figura recita esses
versos:
A figura de preto
Entre os possíveis caminhos.
Que a moral toma como o seu.
Eu enxergo em cada um deles.
Um embuste senil da sensação.
beco obscuro onde o medo rouba.
Do homem sua fome de realização.
Defendido a facadas e gritos.
Seu ilusório
recanto escondido.
Onde ele força com todas suas forças.
Tornar o sabor do irrealizável... Bonito.
Ele para se dirige a ponta superior do pentagrama, senta-se,
fecha os olhos, chacoalha a cabeça e bota mão nos olhos como se tivesse saído
de um transe.
Ele segura com os
braços os próprios joelhos. Fica se embalando enquanto olha para o globo no
centro do altar. Depois de algum tempo uma pequena luminosidade pode ser vista
no globo de cristal.
O tempo passa ele cochila, mas acorda assustado, logo em
seguida volta a dormir, a luz começa a aumentar até tornar-se ofuscante.
Aparece uma figura de branco com caracteres em cor de
fogo escrito pelo corpo,
Seus olhos são
negros de um profundo sem fim um vazio que contrasta bruscamente com o brilho
do seu corpo e de tudo que o cerca.
Ele caminha até perto da outra figura, adormecida,
observa, agacha-se e a abraça ternamente dizendo logo em seguida:
A figura de branco
Eu não sei bem... Quando comecei a notar a sua existência.
Se eu tivesse que separar no tempo o momento certo eu não
saberia.
Eu escondia de mim mesmo a minha consciência sobre a sua
vontade influindo no meu mundo.
Todas as luzes se apagam
Cena III:
Todas as luzes se ascendem. O globo no centro do palco esta aceso, a
figura de branco examina minuciosamente cada uma das imagens refletidas nos
espelhos enquanto recita estes versos:
A figura de branco
Cada partícula de vida cada átomo de sol que me cerca é
um mundo dentro de um universo de outros mundos.
Nesses muitos mundos ha vários sentires diferentes uns
dizem medo outros dizem fome e outros dizem ainda alivio.
Eu posso estar com eles todos como se estivesse com um
só, e tudo é tão exato e resultante de uma ação inevitável....
Eu sou eles, eles são eu.
E isso sempre foi a sim, há muito que o universo é o meu
quintal.
Todas as coisas eu já vi e de todas as coisas eu sei.
Nada mais me surpreende nada mais me alcança.
A não ser quando
eu fecho os olhos.
Quando eu fecho os olhos tudo desaba.
Todas as minhas claras certezas desmoronam.
O meu mundo
murcha... Nada mais faz sentido.
Um sonido estridente a luz começa a apagar
Tudo fica escuro as luzes negras se ascendem à figura de
preto aparece e a branca some.
Cena IV:
Ela esta há
esquerda do palco onde ao lado dos espelhos há uma mesa, em cima da mesa uma
urna, Dentro da urna fogo. Ela joga algumas ervas no fogo, se ajoelha e começa
a orar. Depois que o fogo se estingue ele pega as cinzas e começa a sopra-las,
sopra em cada um dos espelhos, depois caminha até as pontas de baixo do
pentagrama e desenha com as cinzas respectivamente um quadrado e um crescente (uma meia lua
deitada), se dirige ate’ as pontas laterais da estrela e desenha na da esquerda
um triangulo e na da direita um circulo, e por fim se dirige a ponta superior e
desenha um ovo de cinzas negro. Enquanto realiza os desenhos nas extremidades
do pentagrama a figura recita estes versos:
A figura de preto
Quando fecho os olhos todas minhas duvidas somem por que
sei que vou estar contigo.
Eu queria estar o tempo todo em ti, queria no seio do teu
colo repousar em paz a eternidade.
Mas mesmo que eu não queira os meus olhos insistem em se
abrir, eu tento, faço de tudo pra lembrar como é estar em você.
Eu criei, códigos, letras, separei o sons dei nomes as
sombras pra tentar te fazer um pouco mais presente no meu vazio.
Eu sei que não é a mesma coisa, nem nunca vai ser mais
sou feliz porque na dança insinuante que o escuro provoca na mente fértil...
Maya encontra asas
para transmutar a incompreensão no fogo branco da sabedoria.
Como um cometa frio que emite luz própria eu cruzo a
eternidade.
Cena V:
Todas as luzes se ascendem à figura de branco esta há
esquerda do palco junto à mesa. Em cima da mesa encontra-se uma balança, duas
bandejas, uma pinça e um punhal. Dentro das bandejas há pedras de sal e um
pedaço de chumbo.
Ela pega um pinça e começa a pegar as pedras de sal e
colocar em um dos pratos da balança
A figura de branco
Mesmo no vazio mais intenso da escuridão mais profunda sempre
existe alguém te escutando.
E mesmo que você não queira não á como não escutar o que
ele pensa sobre o que você pensa sobre ele.
Eu tentei, tentei com toda força que o meu coração pode
colocar em uma decisão que ele sabia acertada.
Manter-me acordado era aprender, conhecer o mistério da
criação era esvaziar o meu Vazio interior.
Estar conectado com o meu pai era me esconder de ti.
(Ele para de colocar sal naquele prato da bandeja e pega o
punhal que esta em cima da mesa. Começa a tirar lascas do pedaço de chumbo,
Lascas que coloca no outro prato da balança)
Mas um dia... O dia que parecia infinitamente distante
chegou!
Não havia aspecto possível das realidades que eu não
conhecesse, bastava um instante pra eu poder calcular todas as suas
possibilidades.
O dia que se tornou impossível desconhecer o meu vazio
foi o dia que o meu mundo ruiu.
Ela para de colocar as raspas de chumbo e observa a
balança que pende mais para o lado chumbo.
Cena VI:
As luzes se apagam se ascendem as luzes negras a figura
de preto esta na ponta superior do pentagrama, em posição de lótus. Ela medita
de olhos fechados, há sua frente no pequeno altar a luz do globo esta fraca e
quase se apagando. A figura começa a recitar um mantra e a luz começa a se
tornar mais forte e intensa até iluminar completamente o cenário.
Ela abre os olhos olha sua volta, se levanta se dirige há
um dos espelhos e recita esse verso:
A figura de preto
Desabafo todas as vicissitudes entaladas no meu peito.
E joga o espelho no chão com a parte do vidro voltada
para o baixo e logo em seguida se dirige ao próximo espelho e faz o mesmo
enquanto recita esse verso:
A figura de preto
Sopro sutil suave pranto que incendeio.
No terceiro espelho recita:
Afigura de preto
Viro ao avesso os senhores do meu próprio preço.
E no quarto:
A figura de preto
Calcinadores de ilusões.
Lambedores de sabão preto.
Vomitando seus bulbos de bufão.
No quinto:
São ciclos que se de gladiam entre mim.
No sexto:
Cada passagem de elo um hinário de apelos que se
desintegra.
No sétimo:
É chegado o
momento que toda insatisfação será iluminada pela luz.
A figura se dirige ao altar pega o globo nas mãos e o
joga contra o chão, desta forma quebrando ele.
Cena VII:
Após o globo ser quebrado a luz começa aumentar até
torna-se ofuscante, ai então ela começa a piscar rapidamente, se apaga por um
instante e volta a piscar. Pode-se ver que depois que a luz retorna a piscar a
figura de branco também esta em cena.
As duas figuras olham-se, dirigem uma em direção da outra
, começam a lutar entre sim, empurra-se, puxam-se, caiem ao chão, rolam, acabam
se abraçando, se beijando, se amando e adormecem ao chão como se fossem um só.
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