domingo, 1 de setembro de 2013

A dramaturgia



A procura de um ser só.                                  
Texto Dramático para a cadeira de encenação teatral.
 Por: Anderson Ferreira








Personagens:
A figura de branco; Alegoria representativa do principio ativo no ser humano.
A figura de preto; Alegoria representativa do principio passivo no ser humano.




Cena I:
Um telão em cena o resto do cenário esta todo escuro.
 O telão ascende e aparece um grande olho egípcio. Vários incensos são acesos pelo local da apresentação.
Um som estridente começa baixo até ficar bem alto e depois para.
Visões irrompem na tela.
Explosões, imensas, galácticas, nucleares, microscópicas, de temperamento, de agua, de prazer.
Barulho de agua corrente.
 Luz muita luz por todo cenário, vê se um cenário branco com caracteres hebraicos desenhados nas paredes em cor de fogo. Há sete espelhos grandes posicionados pelo cenário formando um circulo, no centro do circulo pode se ver um altar, três degraus que conduzem a uma pequena plataforma elevada alguns centímetros do chão, aos lados pequenos arbustos e plantas, no centro sobre um pano cor de prata dobrada ao chão repousa um globo de cristal. Dele emana uma forte luz amarela.
 A luz começa a diminuir até que uma pessoa vestida de preto pode ser vista quase como um borrão
Ela esta na frente do altar e se aproxima em direção ao globo
Ela cobre o globo com suas mãos e no escuro de suas vestes a luz do globo se esvai.
 Escuta se uma voz gritando ao fundo: espere eu preciso de você... De repente a luz se apaga,

Cena II:
Algumas luzes negras que formam caracteres hebraicos se ascendem pelo cenário pode se ver uma figura de preto em cena. No altar no centro do palco o globo de cristal não emite luz alguma.
Os olhos da figura  de preto são brancos e deles irradiam uma luz branca e cândida, sua roupa é negra com caráteres hebraicos em azul escuro. Com um pedaço de giz branco a figura traça um pentagrama ao redor do altar, ficando localizado este bem no centro da estrela. Enquanto traça o pentagrama a figura recita esses versos:
A figura de preto 
Entre os possíveis caminhos.
Que a moral toma como o seu.
Eu enxergo em cada um deles.
Um embuste senil da sensação.
beco obscuro onde o medo rouba.
Do homem sua fome de realização.

Defendido a facadas e gritos.
 Seu ilusório recanto escondido.
Onde ele força com todas suas forças.
Tornar o sabor do irrealizável... Bonito.
Ele para se dirige a ponta superior do pentagrama, senta-se, fecha os olhos, chacoalha a cabeça e bota mão nos olhos como se tivesse saído de um transe.
 Ele segura com os braços os próprios joelhos. Fica se embalando enquanto olha para o globo no centro do altar. Depois de algum tempo uma pequena luminosidade pode ser vista no globo de cristal.
O tempo passa ele cochila, mas acorda assustado, logo em seguida volta a dormir, a luz começa a aumentar até tornar-se ofuscante.
Aparece uma figura de branco com caracteres em cor de fogo escrito pelo corpo,
 Seus olhos são negros de um profundo sem fim um vazio que contrasta bruscamente com o brilho do seu corpo e de tudo que o cerca.
Ele caminha até perto da outra figura, adormecida, observa, agacha-se e a abraça ternamente dizendo logo em seguida:
 A figura de branco
Eu não sei bem... Quando comecei a notar a sua existência.
Se eu tivesse que separar no tempo o momento certo eu não saberia.
Eu escondia de mim mesmo a minha consciência sobre a sua vontade influindo no meu mundo.
Todas as luzes se apagam

 Cena III:
Todas as luzes se ascendem.  O globo no centro do palco esta aceso, a figura de branco examina minuciosamente cada uma das imagens refletidas nos espelhos enquanto recita estes versos:
A figura de branco
Cada partícula de vida cada átomo de sol que me cerca é um mundo dentro de um universo de outros mundos.
Nesses muitos mundos ha vários sentires diferentes uns dizem medo outros dizem fome e outros dizem ainda alivio.
Eu posso estar com eles todos como se estivesse com um só, e tudo é tão exato e resultante de uma ação inevitável....
Eu sou eles, eles são eu.
E isso sempre foi a sim, há muito que o universo é o meu quintal.
Todas as coisas eu já vi e de todas as coisas eu sei.
Nada mais me surpreende nada mais me alcança.
 A não ser quando eu fecho os olhos.
Quando eu fecho os olhos tudo desaba.
Todas as minhas claras certezas desmoronam.
 O meu mundo murcha... Nada mais faz sentido.

Um sonido estridente a luz começa a apagar
Tudo fica escuro as luzes negras se ascendem à figura de preto aparece e a branca some.

Cena IV:
 Ela esta há esquerda do palco onde ao lado dos espelhos há uma mesa, em cima da mesa uma urna, Dentro da urna fogo. Ela joga algumas ervas no fogo, se ajoelha e começa a orar. Depois que o fogo se estingue ele pega as cinzas e começa a sopra-las, sopra em cada um dos espelhos, depois caminha até as pontas de baixo do pentagrama e desenha com as cinzas respectivamente  um quadrado e um crescente (uma meia lua deitada), se dirige ate’ as pontas laterais da estrela e desenha na da esquerda um triangulo e na da direita um circulo, e por fim se dirige a ponta superior e desenha um ovo de cinzas negro. Enquanto realiza os desenhos nas extremidades do pentagrama a figura recita estes versos:
A figura de preto
Quando fecho os olhos todas minhas duvidas somem por que sei que vou estar contigo.
Eu queria estar o tempo todo em ti, queria no seio do teu colo repousar em paz a eternidade.
Mas mesmo que eu não queira os meus olhos insistem em se abrir, eu tento, faço de tudo pra lembrar como é estar em você.
Eu criei, códigos, letras, separei o sons dei nomes as sombras pra tentar te fazer um pouco mais presente no meu vazio.
Eu sei que não é a mesma coisa, nem nunca vai ser mais sou feliz porque na dança insinuante que o escuro provoca na mente fértil...
 Maya encontra asas para transmutar a incompreensão no fogo branco da sabedoria.
Como um cometa frio que emite luz própria eu cruzo a eternidade.

Cena V:
Todas as luzes se ascendem à figura de branco esta há esquerda do palco junto à mesa. Em cima da mesa encontra-se uma balança, duas bandejas, uma pinça e um punhal. Dentro das bandejas há pedras de sal e um pedaço de chumbo.
Ela pega um pinça e começa a pegar as pedras de sal e colocar em um dos pratos da balança
A figura de branco
Mesmo no vazio mais intenso da escuridão mais profunda sempre existe alguém te escutando.
E mesmo que você não queira não á como não escutar o que ele pensa sobre o que você pensa sobre ele.
Eu tentei, tentei com toda força que o meu coração pode colocar em uma decisão que ele sabia acertada.
Manter-me acordado era aprender, conhecer o mistério da criação era esvaziar o meu Vazio interior.
Estar conectado com o meu pai era me esconder de ti.
(Ele para de colocar sal naquele prato da bandeja e pega o punhal que esta em cima da mesa. Começa a tirar lascas do pedaço de chumbo, Lascas que coloca no outro prato da balança)
Mas um dia... O dia que parecia infinitamente distante chegou!
Não havia aspecto possível das realidades que eu não conhecesse, bastava um instante pra eu poder calcular todas as suas possibilidades.
O dia que se tornou impossível desconhecer o meu vazio foi o dia que o meu mundo ruiu.
Ela para de colocar as raspas de chumbo e observa a balança que pende mais para o lado chumbo.

Cena VI:
As luzes se apagam se ascendem as luzes negras a figura de preto esta na ponta superior do pentagrama, em posição de lótus. Ela medita de olhos fechados, há sua frente no pequeno altar a luz do globo esta fraca e quase se apagando. A figura começa a recitar um mantra e a luz começa a se tornar mais forte e intensa até iluminar completamente o cenário.
Ela abre os olhos olha sua volta, se levanta se dirige há um dos espelhos e recita esse verso:
A figura de preto
Desabafo todas as vicissitudes entaladas no meu peito.
E joga o espelho no chão com a parte do vidro voltada para o baixo e logo em seguida se dirige ao próximo espelho e faz o mesmo enquanto recita esse verso:
A figura de preto
Sopro sutil suave pranto que incendeio.
No terceiro espelho recita:
Afigura de preto
Viro ao avesso os senhores do meu próprio preço.
E no quarto:
A figura de preto
Calcinadores de ilusões.
Lambedores de sabão preto.
Vomitando seus bulbos de bufão.
No quinto:
São ciclos que se de gladiam entre mim.
No sexto:
Cada passagem de elo um hinário de apelos que se desintegra.
No sétimo:
 É chegado o momento que toda insatisfação será iluminada pela luz.
A figura se dirige ao altar pega o globo nas mãos e o joga contra o chão, desta forma quebrando ele.

Cena VII:
Após o globo ser quebrado a luz começa aumentar até torna-se ofuscante, ai então ela começa a piscar rapidamente, se apaga por um instante e volta a piscar. Pode-se ver que depois que a luz retorna a piscar a figura de branco também esta em cena.
As duas figuras olham-se, dirigem uma em direção da outra , começam a lutar entre sim, empurra-se, puxam-se, caiem ao chão, rolam, acabam se abraçando, se beijando, se amando e adormecem ao chão como se fossem um só.



Posfácio

No termino do rito dramático  furtivamente os iniciados entram em cena, fazem um circulo ao redor dos corpos paralisados das figuras se ajoelham e começam a recitar muitas preces em muitas línguas diferentes ao mesmo tempo.Eles cobrem os corpos com um pano preto e se dirigem aos convidados pedem a eles que devolvam as pedras. Orientam eles para que ao saírem do teatro vão direto para a casa, se deitem e mantenham as mentes limpas até adormecerem, no outro dia quando acordarem devem anotar os sonhos.

Prefacio.

Os convidados são recepcionados por figuras furtivas de trajando mantos e túnicas escuros que os conduzem ao local da encenação. Estas figuras circulam pelo  espaço fazendo consultas e previsões sobre os convidados a partir de vários sistemas simbólicos. Tais como astrologia,calendário da paz,tarô,runas,anjos,calendário chinês...
Logo após fazerem as previsões os magos irão oferecer a cada convidado uma pequena pedra que deve ser escolhida entre outras dentro de uma caixa. Os sacerdotes da nobre arte irão explicar que os cristais e pedras têm a capacidade registrar as impressões energéticas,elas devem ser seguradas firmemente durante o ritual para que possam tanto fornecer um material valioso de investigação quanto para ajudar o participante(dependendo da propriedade especifica da pedra) a atravessar aquele momento de uma forma agradável.

Flash de conciencia que leva ao delirio.

Pi é um filme de ficção científica dos Estados unidos de 1998, realizado por Darren Aronofsky.
Este filme me influenciou de maneira muito forte, a ideia estética da passagem em cena da esfera do consciente para o inconsciente teve entre suas origens  os delírios de Max, o atormentado protagonista deste belo filme.

Em plena Manhattan vive Max (Sean Gullette), um jovem gênio da Matemática e computação que vive escondido da luz do sol, que lhe dá constantes dores de cabeça, e evita o contacto com outras pessoas.
Max finalmente encontra um padrão universal em suas pesquisas lidando com a bolsa de valores e logo é descoberto por um grupo da Wall street que deseja ganhar dinheiro em cima de sua descoberta, ao mesmo tempo, um grupo de judeus acha que o que Max encontrou foi na verdade um padrão no Torá então ambos tentam fazer com que Max lhe explique sobre sua descoberta.


Porém Max é aconselhado pelo seu mentor Sol Robeson  a tomar cuidado pois sua pesquisa pode levá-lo a consequências muito graves.

O Ocultismo e Artaud.




Antonin Artoud escreve a obra O teatro e seu duplo imerso no ambiente romântico do final do século dezenove. Época do surgimento da ciência moderna, que teve seu desenvolvimento diretamente ligado a praticas alquímicas e ocultas. O ocultismo pose ser descrito como uma ciência dos princípios, um estudo aplicado de sistemas de símbolos e signos que derivam de um arquétipo primordial, ou melhor, falando de um movimento, de um ritmo produtor de símbolos.
Em sua obra Artaud fala muito sobre, sombras, projeções, emanações esses conceitos (como outros em sua obra) nem sempre ficam claros a uma primeira leitura, eu por meios destas reflexões vou tentar desenvolver alguns dos conceitos alquímicos utilizados como bases para as afirmação da obra de Artaud.
Segundo a tradição hermética de origem egípcia referencia a todas praticas magicas europeias, no inicia havia apenas uma consciência sozinha no universo, consciência essa que é representada por um olho, a luz primordial da qual todas as outras são reflexos. Esta consciência tendo como faculdade única apenas perceber, percebeu a única coisa que era possível ser percebida naquele momento, ou seja, percebeu a si mesma. No momento que se auto observou esta consciência  se dividiu em duas(paradoxo primordial dos polos contrários que se complementam) uma que  observa e outra que  é observada, é como se a consciência houvesse criado a sua volta um espelho que reflete a si própria olhando para si mesma, que por sua vez cria um reflexo do própria reflexo e assim indefinidamente, segundo a tradição Hermética nesses infinitos reflexos da consciência primordial estaria contido tudo o que existe.
Para Artaud assim como para os ocultistas tudo no mundo, no universo, em cena, se trata de signos e símbolos.  E a linguagem cênica deve ser não a das palavras, mas a dos próprios símbolos que se configuram das mais diversas formas possíveis no corpo na imagem no som nos cheiros... A tabua de esmeralda antigo manuscrito egípcio atribuído a Toth (deus do “verbo” embora para alguns tenha sido um grande sábio e mago...) vêm nos trazer o principio oculto que diz: O que esta em cima é igual o que esta em baixo tanto macrocosmos quanto no microcosmo, tendo em vista que esta mesma tradição nos conta que o ser humano é um universo em miniatura, o reflexo da própria íris do olho primordial. Podemos identificar os dois polos da mente humana, objetivo racional e sensível subjetivo, respectivamente com a consciência primordial e o espelho que a reflete.
Este espelho primordial que na psicologia de Jung podemos vincular ao subconsciente, este sempre sujeito a percepção da consciência. E na medida em que o consciente percebe o subconsciente, cria uma ideia a cerca dele e acaba por transforma-lo. Nossas mentes estão o tempo todo percebendo não apenas a si mesmas, mas a outras mentes e os reflexos diversos que formam a realidade ao nosso redor, por isto estamos o tempo nos transformando e esta é a dinâmica da vida, dinâmica que Artaud enxergava, e tratava de condenar veemente o apego às formas estagnadas, comportamento que acaba por dar fim ao movimento intrínseco primordial.
Podemos identificar os dois elementos constituintes do paradoxo primordial com duas funções presentes na mente humana: a de projeção e a de recepção dos reflexos presentes na realidade, neste ponto concordo inteiramente com o ponto de vista de Artaud na verdade mais que isso ele me faz refletir imensamente sobre as possibilidades do teatro. Afinal que outra coisa é capaz de produzir reflexos tão fortes e intensos capazes de sacudir o nosso mundo interno? O teatro é um festival épico de projeções que podem alcanças os recantos mais íntimos, escondidos e principalmente (também preferencialmente para Artaud) os não vividos e talvez não vivíveis. O teatro pode dar vida a dimensões que estão além do nosso alcance, além dos limites que as leis universais da natureza nos permitem irem. Pode nos levar a dimensões de fantasia, a dimensões de sonho a dimensões de delírio.

Artaud nos diz: O espírito acredita no que vê e faz aquilo em que acredita: esse é o segredo do fascínio. Embora ele não explicite as premissas contidas nesta frase ela se faz entendível aos entendedores da linguagem codificada simbólica. O consciente é formado por um processo de construção (a um primeiro momento inconsciente) baseado na identificação das sensações como agradáveis ou não agradáveis, a constante exposição a percepções dos mais variados tipos, vai construindo um conjunto de particularidades possíveis de se perceber naquela sensação. A constante repetição das sensações vai modelando o consciente e formando a personalidade, como todas as percepções ficam gravadas no subconsciente indiretamente o individuo toma decisões e executa ações sobre a influencia delas. Quando comovido pela identificação o ser se fascina por um determinado objeto e toma para a si as projeções emitidas pelo objeto, que o influencia na medida em que toma espaço pela repetição no seu subconsciente (no consciente também) e influencia a tomada de suas decisões.
Para a mente que assiste a uma peça de teatro e se identifica ao ponto do fascínio com a representação ,imaginem a intensidade com que ela projeta a sua carga emocional (ou talvez intelectual também?) no espectador identificado.
O teatro é uma linguagem capaz de uivar fundo dentro da alma das pessoas é capaz de integrar toda a necessidade pelo magico, pelo não realizável, pelo proibido, como algo realizado na personalidade do individuo. E por isto desta forma calado, pois todo reflexo gerado na mente humana que não cria asas a realidade de alguma forma nem indiretamente que seja, nunca sessara de reivindicar a sua vez. Podendo levar a depressão e a ansiedade egocêntrica crônica tão característica a nossa sociedade.

Referencias bibliográficas:
Levi,Elphas.Dogma e ritual de alta magia. Editora Madras.
Jung,Carl Gustav. AION estudos sobre o simbolismo do si mesmo.Editora Vozes.
Camaysar, Rosabis.O Caibalion.  http://www.hermetics.org/pdf/KybalionBr.pdf

Stoner a musica que te coloca em estados alterados.

Esta musica se fez presente varias vezes durante a construção da dramaturgia de " A procura de um ser só".
Por isso creio que merece ser lembrada...



Jung a sombra e o Animus.




Sombra, em psicologia analítica, refere-se ao arquétipo que é o nosso ego mais sombrio. É, por assim dizer, a parte animalesca da personalidade humana. Para Carl Gustav Jung, esse arquétipo foi herdado das formas inferiores de vida através da longa evolução que levou ao ser humano. A sombra contém todas aquelas atividades e desejos que podem ser considerados imorais e violentos, aqueles que a sociedade, e até nós mesmos, não podemos aceitar.

Anima e Animus, na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, são aspectos inconscientes de um indivíduo, opostos à persona, ou aspecto consciente da Personalidade. O inconsciente do homem encontra expressão como uma personalidade interior feminina: a Anima; No inconsciente da mulher, esse aspecto é expresso como uma personalidade interna masculina: o Animus.
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